A doutrina da expiação é fundamental para a fé cristã. Contudo, devido à influência da teoria da justificação barata (uma graça superficial, sem verdadeiro arrependimento nem transformação real) sobre alguns pastores tradicionais conservadores, a graça da expiação perdeu seu devido destaque entre as pessoas. Muitos a compreendem apenas teoricamente, sem captá-la corretamente, resultando na perda de seu verdadeiro poder espiritual. Consequentemente, doutrinas falsas (heresias) tomaram o seu lugar. Portanto, procuramos estabelecer firmemente a doutrina da expiação a partir de uma perspectiva bíblica, com o objetivo de restaurar o cristianismo à sua posição original.

Todas as pessoas pecaram e, portanto, todos precisam da graça da expiação para serem salvos. A questão importante é: onde os nossos pecados estão registrados e como podem ser apagados?

A Bíblia nos dá uma resposta sobre isso:
“O pecado de Judá está escrito com um buril de ferro; com ponta de diamante está gravado na tábua de seu coração e nos chifres de seus altares.” (Jeremias 17:1)
Este versículo nos mostra que o pecado está registrado tanto na tábua do coração quanto nos chifres do altar.

Mas qual é a relação entre o pecado de Judá e nós?
A Bíblia testifica que nosso Senhor veio da tribo de Judá (Hebreus 7:14).
Além disso, sobre o nome de Jesus, está escrito:
“Ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21)
Portanto, para receber a salvação por meio de Jesus, é necessário pertencer à tribo de Judá.

No entanto, a Bíblia afirma claramente que aqueles que pertencem a Cristo são, em um sentido espiritual, descendentes de Abraão.
“Se vocês pertencem a Cristo, então são descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa.” (Gálatas 3:29)
Além disso, não é judeu aquele que o é apenas exteriormente, mas sim aquele que passou por uma verdadeira transformação de coração.
“Não é judeu quem o é apenas exteriormente, mas judeu é quem o é interiormente.” (Romanos 2:28-29)

Portanto, de uma perspectiva espiritual, “o pecado de Judá” refere-se, na verdade, aos nossos próprios pecados.

O pecado está registrado em nossos corações e nos quatro chifres do altar. No entanto, há uma maneira de purificá-lo. Em Levítico 17:11, Deus diz: “Porque a vida da carne está no sangue, e eu vo-lo dei sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porque é o sangue que faz expiação pela vida.” Da mesma forma, Hebreus 9:22 declara: “Sem derramamento de sangue não há perdão.”

Em Levítico 16, Deus estabeleceu um método de expiação. O sumo sacerdote primeiro sacrifica um bezerro e um bode, aplica o sangue nos quatro chifres do altar e o asperge sete vezes para purificá-lo. Isso significa que o preço do pecado é a morte e que o derramamento de sangue representa a substituição da morte do pecador.

Depois, o sumo sacerdote impõe as mãos sobre a cabeça do bode vivo (o bode emissário), confessa sobre ele todos os pecados do povo e o envia ao deserto. Este ato simboliza que o bode carrega os pecados do povo para um lugar desolado.

Este ritual de expiação prefigura o sacrifício supremo de Jesus Cristo. Por meio de Seu sangue derramado, Ele expiou completamente e para sempre os nossos pecados.

Hoje, não seguimos o método do Antigo Testamento para a purificação dos pecados porque era apenas uma sombra da realidade futura. O sangue de touros e bodes não podia remover completamente o pecado; era apenas uma prefiguração das coisas boas que estavam por vir (Hebreus 10:1-4).

Então, qual é a realidade por trás dessa sombra? É Jesus Cristo (Hebreus 10:9-10).

Jesus é o Cordeiro de Deus que tira os nossos pecados.

Bode expiatório (Azazel): João 1:29 “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!”
Cordeiro da Páscoa: 1 Coríntios 5:7 “Porque Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado.”
Propiciação (Sacrifício Expiatório): Romanos 3:25 “A quem Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstrar a sua justiça, pela remissão dos pecados anteriormente cometidos sob a paciência de Deus.”
Resgate: Marcos 10:45 “Pois até mesmo o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”
Portanto, os sacrifícios de expiação do Antigo Testamento prefiguravam o sacrifício de Jesus Cristo, que, ao derramar seu sangue de uma vez por todas, expiou completamente nossos pecados.

Um sacrifício oferecido a Deus deve ser sem defeito. Jesus não tinha pecado (Hebreus 4:15, 1 João 3:5, 2 Coríntios 5:21) e era como um cordeiro sem mancha e sem mácula (Hebreus 9:14, 1 Pedro 1:19). Ele não cometeu pecado, nem se achou engano em sua boca. Quando insultado, não revidou; quando sofreu, não ameaçou, mas entregou-se a Deus (1 Pedro 2:22-23).

O sangue imaculado de Jesus realiza maravilhas por nós:

Concede-nos o perdão dos pecados (Mateus 26:28, Efésios 1:7).
Dá-nos a verdadeira vida (João 6:53-56).
Justifica-nos diante de Deus (Romanos 5:9).
Reconcilia-nos com Deus (Colossenses 1:20).
Abre-nos o caminho para entrar na presença de Deus (Hebreus 10:19).
Santifica-nos (Hebreus 13:12).
Purifica nossa consciência para que possamos servir a Deus (Hebreus 9:14).
Redime-nos dos nossos pecados (1 Pedro 1:18-19).
Purifica-nos de todo pecado (1 João 1:7).
Liberta-nos do pecado (Apocalipse 1:5).
Faz-nos o povo de Deus, oferecendo-nos a Ele (Apocalipse 5:9).
Renova-nos e veste-nos com vestes brancas e limpas (Apocalipse 7:14).
Dá-nos vitória sobre Satanás (Apocalipse 12:11).
Por meio dessas verdades, compreendemos o grande e poderoso poder do sangue de Jesus.

A Morte e a Ressurreição de Jesus: A Plenitude da Justificação

A morte e a ressurreição de Jesus Cristo estão no centro da fé cristã. A morte de Jesus na cruz, onde derramou seu sangue, tem uma profunda relação conosco. A Bíblia diz:

“Ele foi entregue por causa das nossas transgressões” (Romanos 4:25)

Isso significa que a morte de Jesus foi um sacrifício substitutivo pelos nossos pecados. Mas qual é a relação da sua ressurreição conosco?

“E ressuscitou para a nossa justificação” (Romanos 4:25)

Este versículo nos mostra que a justificação está diretamente ligada à ressurreição de Jesus. Portanto, a doutrina da justificação não pode ser completamente explicada apenas com a teologia da cruz; ela também deve incluir a teologia da ressurreição.

No entanto, como a justificação tem sido frequentemente explicada apenas a partir da teologia da cruz, isso abriu espaço para o pluralismo religioso e a teologia pós-moderna dentro da Igreja. A morte e a ressurreição de Jesus são um único evento inseparável e formam o coração do evangelho completo.

“E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.” (1 Coríntios 15:17, ACF)

Este versículo significa que, se Jesus não tivesse ressuscitado, nossa fé em Sua morte expiatória na cruz pelos nossos pecados seria inútil, e cada um de nós permaneceria em seus pecados. A razão é que, embora Jesus tenha derramado Seu sangue expiatório ao morrer na cruz, se não houvesse ressurreição, não haveria um Sumo Sacerdote para aspergir esse sangue em favor de cada pessoa, e assim, nossos pecados permaneceriam.

Quem tem autoridade para aspergir o sangue? Deus deu essa autoridade ao Sumo Sacerdote. E Deus concedeu essa autoridade sacerdotal a Jesus ressuscitado em relação aos nossos pecados (Hebreus 2:17-3:1; 4:14-15; 5:6-10, ACF). Este é o tema central do livro de Hebreus.

Portanto, qual é a fé que devemos manter firmemente? É crer em Jesus Cristo, que derramou Seu sangue na cruz pelos nossos pecados, ressuscitou para nossa justificação e ascendeu para servir como Sumo Sacerdote no santuário celestial (Hebreus 4:14-16; 9:24, ACF).

A aspersão do sangue não é um ritual visível, mas uma realidade espiritual
Para sermos justificados diante de Deus, é absolutamente necessário participar da aspersão do sangue. No entanto, diferentemente do Antigo Testamento, onde os sacrifícios eram visíveis e tangíveis, a aspersão do sangue, hoje, é uma realidade espiritual acessível somente pela fé.

O autor de Hebreus testifica:

“Pela fé, celebrou a Páscoa e fez a aspersão do sangue, para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas.” (Hebreus 11:28, ARA)

Este versículo refere-se ao evento da Páscoa em Êxodo e interpreta o ato de aspergir o sangue nas portas como uma ordenança praticada pela fé. Ensina-nos que hoje também participamos desse ato redentor divino por meio de uma adoração espiritual, em fé.

  1. Aproximando-se do Sumo Sacerdote no santuário celestial
    Sob a Nova Aliança, os crentes não se aproximam mais de um tabernáculo terrestre ou de um templo físico. Em vez disso, somos chamados a nos aproximar de nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, que está no santuário celestial.

O apóstolo Paulo escreve:

“e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus.” (Efésios 2:6, ARA)

Portanto, pela fé, devemos nos apresentar diante do Cristo ressurreto e confessar:

“Sou um pecador digno de maldição. Mas, por favor, tem misericórdia de mim por meio do teu precioso sangue.”

Essa confissão não é apenas uma declaração verbal, mas um pedido arrependido por expiação através do sangue de Cristo — um ato espiritual de participação na aspersão.

  1. Onde Jesus asperge o seu sangue?
    Hebreus 10:22 revela que o local onde Jesus asperge seu sangue é nosso coração:

“aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e o corpo lavado com água pura.” (Hebreus 10:22, ARA)

Teologicamente, isso significa que o sangue de Cristo purifica a consciência moral interior do crente. Mas por que o coração?

Jeremias 17:1 nos responde:

“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante; está gravado na tábua do seu coração e nos chifres dos seus altares.” (Jeremias 17:1, ARA)

O pecado não é apenas um comportamento externo; é uma condição interior, profundamente gravada na tábua do coração. Portanto, a aspersão do sangue de Cristo é o meio designado por Deus para purificar a origem da contaminação: o coração.

  1. A Páscoa e a aspersão tipológica no Antigo Testamento
    Êxodo 12:7 descreve as instruções acerca do sangue do cordeiro pascal:

“Tomarão do sangue e o porão em ambas as ombreiras e na verga da porta, nas casas em que o comerem.” (Êxodo 12:7, ARA)

Esse ato visível, conforme Hebreus 11:28, era uma prefiguração da realidade espiritual cumprida em Cristo. A aspersão física do sangue no Antigo Testamento era um tipo (isto é, símbolo profético) que apontava para a obra redentora eterna de Jesus. Hoje, não repetimos esse rito físico, mas participamos da sua realidade pela fé no sangue do Cordeiro de Deus.

Você sabia que foi escolhido por Deus para ser aspergido com o sangue de Jesus Cristo?
Como está escrito em 1 Pedro 1:2: “Eleitos […] para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo”.

E o que Jesus faz com aqueles que foram aspergidos com Seu sangue?
Apocalipse 5:9 diz: “foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”.
Atos 20:28 afirma: “a igreja de Deus, a qual ele comprou com seu próprio sangue”.
1 Coríntios 6:19-20 ensina: “Vocês não são de si mesmos; porque fostes comprados por preço”.

Portanto, aqueles que receberam a graça da justificação pertencem a quem?
Pertencem a Jesus Cristo (Romanos 1:5-6; 1 Pedro 2:9).

Se alguém usa o que não lhe pertence como se fosse seu, como está a sua consciência?
É uma consciência corrompida e má.
Mas aquele que recebeu o sangue de Cristo deve possuir uma boa consciência
(Hebreus 10:22; 9:14).

E o que é uma boa consciência?
É confessar sinceramente: “Não sou meu, sou do Senhor”.
Essa confissão resulta na certeza de que não vivemos segundo a nossa vontade, mas exclusivamente para cumprir a vontade de Deus.

Você deseja receber a graça do sangue de Cristo, mesmo sabendo que isso significa não viver mais segundo a sua própria vontade?
Então, você tem uma evidência clara de que foi aspergido com o sangue de Jesus?

Se não tem essa evidência, você não poderá escapar do juízo de Deus — a condenação do inferno.

Mesmo que ore, jejue, estude a Bíblia, pratique a caridade, participe da comunhão dos santos,
mesmo que evite o mal, procure viver com boa consciência, lute o bom combate,
creia que a Bíblia é a Palavra de Deus, seja batizado,
ou até mesmo seja líder ou ministro na igreja —
se não recebeu a graça do sangue de Cristo,
você é apenas um Quase Cristão (Almost Christian).

Somente quem tem a evidência do sangue de Cristo é um Cristão Verdadeiro (Altogether Christian).

E qual é essa evidência?

É uma boa consciência,
uma vida que declara: “Fui crucificado com Cristo e já não vivo segundo a minha vontade.”
Com o Espírito Santo habitando em você,
você obedece à Palavra conforme o Espírito a traz à sua mente.
Isso é santificação.

Se o “eu” ainda não foi crucificado, se você ainda vive para si mesmo,
quando a Palavra de Deus entrar em conflito com sua vontade, você não obedecerá. Ao contrário, discutirá.

A Bíblia ordena: “Não julgue seu irmão”,
mas se o eu ainda está vivo, você o julgará e o condenará.
Você acabará pecando.
Por quê? Porque a justificação nos liberta do poder do pecado.
Sem a graça da justificação, continuamos sendo escravos do pecado
e fazemos o que o pecado exige.

A santificação não é fruto do esforço humano, mas um dom gracioso de Deus após a justificação.
Por isso Paulo disse:
“Pela graça de Deus sou o que sou” (1 Coríntios 15:10).

No Antigo Testamento, os quatro chifres do altar simbolizavam julgamento e misericórdia.
O pecador confessava, aplicava o sangue e segurava os chifres clamando por graça.
Os pecados anotados nos chifres representavam culpa ainda não expiada — uma sombra profética.

Essa sombra se cumpriu na cruz de Jesus Cristo.
A cruz é o altar do Cordeiro de Deus.
O sangue de Cristo foi aspergido sobre os “quatro chifres” da cruz, alcançando toda a humanidade.
Assim, os pecados registrados nos chifres —os de Judá e de todos os que estão em Cristo— foram apagados pelo Seu sangue.

Mas se não nos firmamos na fé no Cristo ressuscitado, o Sumo Sacerdote,
caímos no erro do universalismo: “Deus é amor, Cristo sofreu, então todos já foram perdoados.”

Essa distorção transforma o cristianismo em uma religião moralista,
esquecendo a verdade de que o sangue de Jesus precisa ser aplicado no coração de cada pessoa.

O resultado é um sistema que, sem o evangelho, usa a lei para julgar, condenar e matar, em nome da justiça.

Mas o que diz a Bíblia?

“Portanto, você que julga os outros, não tem desculpa…” (Romanos 2:1–5)
“Só há um Legislador e Juiz… quem é você para julgar o próximo?” (Tiago 4:11–12)

O evangelho não é apenas uma doutrina. O evangelho é uma Pessoa: Jesus Cristo.

No centro do evangelho está esta verdade:

Ele morreu na cruz pelos nossos pecados,
e ressuscitou para a nossa justificação. (Romanos 4:25)

Aquele que confessa seus pecados com fé e clama ao Senhor,
Jesus asperge o Seu sangue no coração dessa pessoa,
a declara justa,
e a apresenta a Deus como propriedade Dele, separada como santa.

Esse é o evangelho.
E isso só é possível pela graça do sangue aspergido de Cristo.

Todos os que foram redimidos pelo sangue de Jesus confessam:
“Não posso mais viver segundo a minha vontade, mas sim segundo a vontade do Senhor.”

Então o Espírito Santo passa a habitar neles,
e por meio de suas vidas, o mundo vê o corpo de Cristo revelado:
um povo que vive como sal da terra e luz do mundo.

Através de tal igreja, o evangelho da vida se torna visível,
e a salvação é estendida a todos os que creem.

No cenário evangélico atual, a graça da justificação foi deturpada e se tornou um meio de crescimento numérico e popularidade.
Em vez da graça preciosa (como enfatizou Bonhoeffer), muitos adotaram uma justificação barata.

Como resultado, alguns líderes eclesiásticos, buscando manter seus privilégios e poder, passaram a adotar os valores e a cultura do mundo, o que levou a igreja a uma progressiva secularização.
Assim, a igreja deixou de ser sal e luz do mundo, tornando-se alvo de críticas e desprezo.

Como reação a essa decadência evangélica, surgiu a teologia pós-moderna, frequentemente associada ao pluralismo religioso, que visa desconstruir doutrinas tradicionais.

Teólogos pós-modernos alegam que a doutrina da justificação corrompeu o cristianismo, enfraquecendo a responsabilidade ética do indivíduo.
Por isso, eles interpretam as Escrituras de forma mitológica ou simbólica, promovendo o chamado “Jesus histórico”.

Exemplos:

O nascimento virginal de Jesus seria um mito literário criado para mostrar que Jesus era maior que o imperador Augusto, considerado “filho de deus” e “salvador” na época.

A ressurreição seria, originalmente, uma expressão simbólica e coletiva da justiça de Deus nos mártires, que a igreja transformou em um evento literal e pessoal centrado em Jesus.

Portanto, dizem eles, a ressurreição não foi um evento histórico, mas um símbolo da justiça e do amor vividos na comunidade de fé.

Assim, de um lado, o evangelho é barateado, e do outro, é simbólico e deshistoricizado, fazendo com que a igreja perca a essência do verdadeiro evangelho.

Atualmente, alguns teólogos modernos não negam diretamente que Jesus é o “Salvador”,
mas argumentam que viver de acordo com os princípios morais e espirituais de Jesus já é suficiente para a salvação.
Na prática, isso reduz a obra redentora de Cristo a um simbolismo ético ou inspiracional.

Nesse cenário, a doutrina bíblica da justificação pela fé é vista como ultrapassada ou irrelevante para o homem moderno, quase como uma relíquia da fé.

Esses teólogos ainda se apresentam como mais éticos e justos que os evangélicos tradicionais,
ganhando apoio da opinião pública por meio da justiça social e da teologia ecológica.
Mais preocupante ainda, alguns passaram a defender a homossexualidade como teologicamente válida,
e até mesmo alegam que Jesus era homossexual para fundamentar suas posições.

Diante dessa teologia centrada no homem,
que está ganhando força no cenário acadêmico internacional,
a restauração da justificação bíblica é uma missão urgente e essencial.

Se a justificação pela cruz, que é o cerne do evangelho, for pregada corretamente,
então Jesus Cristo, que já venceu Satanás na cruz,
anulará todo o poder do maligno que tenta corromper o evangelho.

Segundo as Escrituras, tudo o que tocar o altar santificado se torna santo e deve ser oferecido a Deus (Êxodo 29:37; Mateus 23:19).

Portanto, se a cruz de Jesus Cristo foi santificada pelo Seu sangue, então tudo o que toca essa cruz também se torna santo.

“Tocar”, neste contexto, não é uma emoção religiosa superficial,
mas uma participação real e espiritual na união com Cristo pela fé.

O apóstolo Paulo expressou isso ao dizer: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20).

Essa confissão é a prova de que alguém verdadeiramente participou da cruz de Cristo,
e, portanto, sua vida inteira foi santificada.

Essa santidade não se trata apenas de conduta moral,
mas significa, teologicamente, que a pessoa foi consagrada e dedicada a Deus.

E isso também é uma declaração de que recebeu a graça da justificação.
Em resumo, quem participa da cruz de Cristo é alguém santificado por ter sido entregue a Deus.

Como, então, devemos viver nós, que fomos santificados?

O apóstolo Paulo responde claramente:
“E então? Vamos pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum!” (Romanos 6:15)

Aquele que foi santificado pela graça de Cristo já não vive mais sob o domínio do pecado.
Como está escrito em Romanos 6:14:
“Pois o pecado não os dominará, porque vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça.”

Mesmo que lhe ofereçam muito dinheiro, uma pessoa santa não pode cometer pecados que prejudiquem o próximo nem dar falso testemunho—
pois a justiça e a verdade de Deus habitam em seu coração.

1 João 3:6–9 diz:
“Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que continua a pecar não o viu nem o conheceu… Aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. Quem pratica o pecado é do diabo… Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado, pois a semente de Deus permanece nele; e ele não pode continuar pecando, porque é nascido de Deus.”

Cristo veio para destruir as obras do diabo,
e quem nasceu de Deus não pode continuar no pecado, pois a nova identidade o impede.

Por que, estando debaixo da Lei, eu não conseguia vencer o pecado?

O apóstolo Paulo confessa em Romanos 7:21–25:
“Quando quero fazer o bem, o mal está comigo. No íntimo do meu ser tenho prazer na Lei de Deus, mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, que guerreia contra a lei da minha mente e me torna prisioneiro da lei do pecado que atua nos meus membros.”

Por que ele diz isso?

Antes de conhecer os mandamentos—por exemplo, “Não cobiçarás”, “Não julgarás”—
não considerava essas atitudes como pecado (Romanos 7:9).
Por isso, eu julgava e condenava os outros conforme meu próprio entendimento.
Isso era quando eu “estava vivo”, ou seja, vivia ignorante do pecado, embora fosse seu escravo.

Mas ao conhecer a Lei, percebi que tais atitudes eram pecado.
Mesmo querendo não pecar, o poder do pecado dentro de mim continuava atuando—
e eu acabava julgando os irmãos novamente, recaindo em pecado.

Então entendi esta verdade:
“O salário do pecado é a morte; eu sou escravo do pecado, e a Lei me conduziu à morte, não à vida.” (Romanos 7:11)

Por fim, Paulo admite:
“Sou carnal, vendido como escravo ao pecado.” (Romanos 7:14)

Em resumo, a Lei não pôde me salvar, mas revelou que eu era escravo do pecado, caminhando para a morte.

Aquele que foi redimido pelo sangue de Jesus Cristo é liberto do pecado e passa a viver no Espírito.

Jesus Cristo me comprou — quando eu ainda estava vendido ao pecado — com o Seu próprio sangue, e me apresentou a Deus.
Por meio desse ato de redenção, não sou mais escravo do pecado, mas pertenço a Deus.
A partir desse momento, o Espírito Santo passou a habitar em mim, e minha vida foi transformada: agora vivo não mais segundo a carne, mas segundo o Espírito.

Antes que o Espírito habitasse em mim, eu vivia segundo a carne e servia à lei do pecado.
Mas agora vivo no Espírito e ando segundo Ele.

Por isso confesso: “Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim da graça? De modo nenhum!” (Romanos 6:15)
A nova natureza que recebi do Espírito não pode mais permanecer no pecado.

Em outras palavras, Romanos 7 retrata a angústia do crente ainda preso à carne,
enquanto Romanos 8 proclama a vitória de quem foi justificado em Cristo e vive no Espírito que nele habita.

Conclusão: Devemos falar pela fé e viver em obediência à direção do Espírito Santo.

A Bíblia diz:
“Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7).
Jesus também disse:
“Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos… Se vocês fossem cegos, não teriam culpa de pecado; mas agora que dizem: ‘Vemos’, a culpa de vocês permanece” (João 9:39–41).
E também: “O meu justo viverá pela fé” (Hebreus 10:38).

Portanto, não somos pessoas que julgam pelas aparências, mas vivemos pela fé e falamos conforme a palavra que o Espírito Santo nos traz à memória.

Em outras palavras, somos o corpo de Cristo, chamados para transmitir vida e salvação.

Cristãos fundamentados na doutrina bíblica da justificação serão uma Igreja confiável, sal e luz para o mundo.