Depoimentos e provas das testemunhas1.
1João 5,9-11
“Aleluia! Que a graça, a paz e a misericórdia de nosso Senhor estejam com todos nós que estamos a adorar hoje. Hoje, quero sublinhar que todas as mensagens que partilhei foram baseadas no testemunho de testemunhas. Isto é para o ajudar a permanecer firme na sua fé com confiança.
1. O testemunho consiste em partilhar factos ou experiências que se conhece sobre um acontecimento ou uma pessoa ou, por vezes, falar em tribunal para provar esses factos. O testemunho desempenha um papel vital na revelação da verdade de um assunto e na obtenção de justiça. Assim, uma testemunha deve basear o seu depoimento em provas exactas e credíveis para garantir que o que diz é verdadeiro. Se o testemunho for falso, tem responsabilidade legal, moral e espiritual. Por conseguinte, uma testemunha tem o dever de estar profundamente consciente do impacto das suas palavras e de prestar um depoimento baseado na verdade e na justiça. Reconhecendo esta responsabilidade, entrego-lhe hoje esta mensagem.”
Uma testemunha deve falar sobre o que viu, ouviu e experimentou diretamente. Esta é considerada a prova mais convincente e deve basear-se em factos objectivos e não em interpretações subjectivas. Um testemunho deve ser coerente, pois se houver incoerência entre as testemunhas, a sua credibilidade pode ser posta em causa. Se uma testemunha tem um interesse pessoal no assunto ou é conhecida por não ser fiável, o seu testemunho perde credibilidade. O que eu testemunho é sobre Jesus Cristo. As provas em que me baseio provêm, em primeiro lugar, da Bíblia e, em segundo lugar, o Espírito Santo dá testemunho dentro de mim. E quer as minhas palavras sejam ou não dignas de confiança, a minha vida é a prova.
Hoje, vou falar sobre o que o Antigo Testamento testifica, e na próxima semana, vou testificar sobre o que o Novo Testamento declara.
2. Quando olhamos para o Antigo Testamento, vemos muitos elementos, como profecias, pessoas, acontecimentos, leis e o sistema de sacrifícios. Todos eles apontam para Jesus Cristo, e são cumpridos através da vida e obra de Jesus Cristo no Novo Testamento. Esta consistência demonstra que as profecias do Antigo Testamento se cumprem no Novo Testamento e que muitos símbolos e sombras do Antigo Testamento encontram a sua conclusão em Jesus Cristo, que é a verdadeira substância.
1) A evidência do cumprimento das profecias do Antigo Testamento através de Jesus Cristo inclui a profecia do nascimento do Messias. Isaías 7:14 profetizou que uma virgem conceberia e daria à luz um filho e que o seu nome seria “Emanuel”. Esta profecia cumpriu-se com o nascimento de Jesus, conforme registado em Mateus 1:22-23.
Há também a profecia relativa ao local de nascimento. Miqueias 5:2 predisse que o Messias nasceria em Belém. Mateus 2:1-6 confirma que Jesus Cristo nasceu de facto em Belém. Os termos “Messias” e “Cristo” têm o mesmo significado; “Messias” é hebraico, e “Cristo” é grego. O Messias, ou Cristo, é o Ungido, cumprindo os papéis de Rei, Sacerdote e Profeta. O Rei governa o seu reino, o Sacerdote expia os pecados do seu povo e o Profeta proclama a palavra de Deus de acordo com a Sua vontade.
Isaías 53 profetizou sobre este Messias como o servo sofredor que carregaria as nossas dores e seria trespassado e esmagado pelas nossas iniquidades. O Novo Testamento confirma em muitos lugares que esta profecia se cumpriu na crucificação de Jesus Cristo. Mateus 8:17 diz: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”, referindo-se ao que o profeta Isaías havia dito. No entanto, muitas vezes as pessoas não acreditam porque os seus olhos estão cegos e os seus corações estão endurecidos. Só quando Deus derrama o seu Espírito sobre nós é que os nossos olhos se abrem e podemos compreender, como os profetas. É por isso que temos de pedir, procurar e bater a Deus.
Os Salmos também dão testemunho do Messias sofredor em vários sítios, sendo o Salmo 22 o mais notável. Neste Salmo de David, as palavras “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” alinham-se com o grito de angústia de Jesus, “Eli, Eli, lama sabachthani?” na cruz (Mateus 27:46, Marcos 15:34). Os versículos 7-8 retratam cenas de escárnio, o versículo 16 descreve a perfuração das mãos e dos pés, e o versículo 18 fala do lançamento de sortes sobre as vestes – tudo vividamente refletido nos relatos evangélicos da crucificação de Jesus. O Salmo 69:21 afirma: “Deram-me vinagre para a minha sede”, o que se alinha com a cena em que a Jesus, sedento na cruz, foi oferecido vinagre (João 19:28-29).
O Salmo 31,5 descreve o Messias a entregar-se a Deus e a confiar n’Ele no meio do sofrimento. Isto reflecte as palavras de Jesus na cruz: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23:46). O Salmo 34:20 declara: “Ele protege todos os seus ossos; nenhum deles será quebrado”, o que é confirmado em João 19:36, onde se afirma que nenhum dos Seus ossos foi quebrado durante a Sua crucificação. O Salmo 41:9 diz: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, aquele que partilhava o meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.” Este versículo prefigura a traição de Judas Iscariotes a Jesus, como citado em João 13:18. O versículo do Salmo 118:22-23, “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”, é usado no Novo Testamento para se referir a Jesus (Mateus 21:42, Actos 4:11, 1 Pedro 2:7).
Em Actos 8,27, lemos sobre um eunuco etíope, funcionário encarregado de toda a tesouraria de Candace, rainha dos etíopes, que tinha ido a Jerusalém para adorar e regressava a casa. Sentado no seu carro, estava a ler o livro do profeta Isaías. O Espírito Santo disse a Filipe: “Vá até essa carruagem e fique perto dela”. Quando Filipe se aproximou da carruagem, ouviu o homem a ler o profeta Isaías e perguntou: “Compreendes o que estás a ler?” O eunuco respondeu: “Como é que eu posso entender, a não ser que alguém me explique?” Então convidou Filipe a subir e a sentar-se com ele. A passagem da Escritura que estava a ler era: “Foi conduzido como uma ovelha para o matadouro e, como o cordeiro que se cala diante do tosquiador, assim ele não abriu a boca. Na sua humilhação, foi privado de justiça. Quem pode falar da sua descendência? Porque a sua vida foi tirada da terra”. O eunuco perguntou a Filipe: “Diga-me, por favor, de quem é que o profeta está a falar, dele mesmo ou de outra pessoa?” Então Filipe começou com essa mesma passagem das Escrituras e contou-lhe as boas novas sobre Jesus, testemunhando sobre a Sua morte na cruz, a Sua ressurreição e o reino que Ele traria.
A ressurreição também foi profetizada. O Salmo 16:10 diz: “Não abandonarás a minha alma no inferno, nem deixarás que o teu Santo veja a decomposição”. Esta profecia tem eco em Actos 2:27, onde Pedro diz: “Não abandonarás a minha alma no inferno, nem deixarás que o teu Santo veja a corrupção…30 Sendo, pois, profeta, e sabendo que Deus lhe tinha prometido com juramento que havia de pôr no seu trono um dos seus descendentes, 31 previu e falou da ressurreição de Cristo, que não foi abandonado no inferno, nem a sua carne viu a corrupção. 32 Deus ressuscitou esse Jesus, e disso todos nós somos testemunhas.”
Em Actos 13,27, Paulo também afirma: “Porque os que habitam em Jerusalém e os seus príncipes, não o reconhecendo, nem as palavras dos profetas que se lêem todos os sábados, as cumpriram, condenando-o. 28 E, embora não achassem culpa alguma digna de morte, pediram a Pilatos que o mandasse executar. 29 E, tendo cumprido tudo o que dele estava escrito, tiraram-no do madeiro e puseram-no num sepulcro. 30 Mas Deus ressuscitou-o dos mortos, 31 e durante muitos dias apareceu aos que tinham subido com ele da Galileia para Jerusalém, os quais são agora suas testemunhas para com o povo.”
Estas profecias do Antigo Testamento falam consistentemente da encarnação, sofrimento, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e o Novo Testamento declara claramente que estas profecias se cumpriram em Jesus Cristo. Estas provas concretas não deixam margem para dúvidas quanto à sua veracidade e fiabilidade.
2) A coerência entre o Antigo e o Novo Testamento também é evidente na forma como as pessoas e os acontecimentos do Antigo Testamento prefiguram ou simbolizam o que aconteceria através de Jesus Cristo.
Primeiro, considere Adão e Cristo. Romanos 5:14 refere-se a Adão como “modelo daquele que há-de vir”. Adão, como o primeiro representante da humanidade, trouxe o pecado para o mundo, mas Jesus Cristo, referido como o último Adão, trouxe a salvação para a humanidade (Romanos 5:12-21, 1 Coríntios 15:22).
Depois, há Melquisedeque e Cristo. Hebreus 7 explica que Melquisedeque, que abençoou Abraão quando este regressou da vitória na batalha, é um tipo de Cristo. Melquisedeque é descrito como o rei de Salém (Jerusalém) e o rei da justiça e da paz, com um sacerdócio que ultrapassa o sacerdócio levítico. Isto prefigura o sacerdócio eterno e transcendente de Jesus Cristo.
A seguir, o cordeiro pascal e Cristo, o Cordeiro de Deus. No evento da Páscoa do Êxodo, os israelitas foram salvos pelo sangue de um cordeiro. O Novo Testamento descreve Jesus Cristo como “o Cordeiro de Deus” (João 1:29), cujo sangue traz a salvação do pecado a toda a humanidade (1 Coríntios 5:7).
Por último, considere a serpente de bronze e Cristo. Em Números 21, Moisés colocou uma serpente de bronze no deserto para que quem olhasse para ela vivesse. Jesus interpretou este acontecimento em João 3:14-15 como um prenúncio de que Ele próprio seria levantado na cruz para que quem acreditasse n’Ele tivesse a vida eterna.
3) A lei do Antigo Testamento e o sistema de sacrifícios foram cumpridos através de Jesus Cristo no Novo Testamento.
Primeiro, o cumprimento da lei. Em Mateus 5:17, Jesus disse: “Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para os abolir, mas para os cumprir.” Isso deixa claro que Jesus Cristo é aquele que cumpre perfeitamente a lei do Antigo Testamento. A lei do Antigo Testamento revela o pecado. Romanos 3:20 afirma: “Portanto, ninguém será declarado justo diante de Deus pelas obras da lei; pelo contrário, por meio da lei nos tornamos conscientes do nosso pecado.” Assim, todos sabem que estão sob o julgamento de Deus e não podem argumentar contra o veredito desse julgamento. A lei, portanto, mostra-nos a nossa necessidade de Cristo.
De seguida, o cumprimento do sistema sacrificial. Hebreus 10 explica que o sistema de sacrifícios do Antigo Testamento foi cumprido através do sacrifício de Jesus Cristo. Os sacrifícios do Antigo Testamento eram apenas sombras temporárias que apontavam para o perdão dos pecados, mas o sacrifício único de Jesus Cristo redimiu todos os pecados para sempre. Isso mostra que o sistema de sacrifício do Antigo Testamento era uma prefiguração do sacrifício final de Jesus Cristo.
4) Os temas teológicos do Antigo Testamento cumprem-se através de Cristo.
Em primeiro lugar, considere a aliança de Deus. No Antigo Testamento, Deus fez pactos com figuras como Abraão, Isaac, Jacob e David. No Novo Testamento, essas alianças são cumpridas em Jesus Cristo como a nova aliança. Jeremias 31:33 profetiza: “Esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração. E eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo”. Jesus, depois de partilhar o cálice com os Seus discípulos, disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:20). Jesus Cristo é o mediador e o cumprimento da aliança.
De seguida, considere o Reino de Deus. O Antigo Testamento sublinha o projeto de Deus de estabelecer o seu Reino. Jesus Cristo aparece como o Rei que traz este Reino de Deus. Em Marcos 1:15, Jesus diz: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e acreditai no Evangelho”. O conceito de Reino do Antigo Testamento é alargado a uma nova dimensão espiritual em Jesus Cristo.
Depois, considere a redenção e a salvação. No Antigo Testamento, Deus é retratado como o Redentor que salva Israel repetidamente. No Novo Testamento, Jesus Cristo é enfatizado como o Redentor de toda a humanidade. Efésios 1:7 afirma: “Nele temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das nossas ofensas, segundo as riquezas da sua graça.” Os acontecimentos redentores do Antigo Testamento prefiguram a obra redentora final de Jesus Cristo.
Portanto, o argumento de que o Antigo Testamento testifica consistentemente de Jesus Cristo é claramente evidenciado através do cumprimento da profecia, da tipologia de pessoas e eventos, da conclusão da lei e do sistema sacrificial, e da consistência dos temas teológicos. O Antigo e o Novo Testamento não são mensagens separadas, mas testemunhos unificados do plano redentor de Deus. Jesus Cristo é aquele que os profetas predisseram, para quem a lei e o sistema de sacrifícios apontavam, e que completa a aliança e o plano de salvação de Deus. Assim, fica claro que todo o Antigo Testamento dá testemunho consistente de Jesus Cristo.
Permita-me concluir a mensagem de hoje. Através dos argumentos que examinámos, podemos ver claramente que o Antigo Testamento está repleto de testemunhos e profecias consistentes sobre Jesus Cristo e a Sua obra. As profecias, pessoas, eventos, leis, sistema sacrificial e temas teológicos do Antigo Testamento são todos cumpridos e completados em Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Messias que todos os profetas do Antigo Testamento predisseram. Ele é o Salvador para quem a lei e o sistema de sacrifícios apontavam, e Ele é o centro através do qual a aliança de Deus e o plano redentor são cumpridos.
Além disso, a coerência entre o Antigo e o Novo Testamento vai além da mera conexão histórica; representa o cumprimento integrado do plano redentor de Deus. Este cumprimento consistente mostra que o Antigo e o Novo Testamento não são dois documentos separados, mas uma Palavra unificada que continuamente dá testemunho do plano de salvação de Deus, concebido por um só Deus. Portanto, Jesus Cristo é revelado como o núcleo da salvação que o Antigo Testamento antecipou e o Novo Testamento cumpriu, o cumprimento final de todas as profecias. Isto torna claro que toda a Bíblia dá testemunho do plano redentor de Deus, centrado em Jesus Cristo. Como resultado, a nossa fé pode ser fortalecida através da consistência dos testemunhos e profecias registados nas Escrituras, e podemos ter uma profunda certeza de que tudo isto está dentro do plano de salvação de Deus para nós.
Durante mais de 40 anos de ministério, tenho testemunhado à minha congregação, com base nestas evidências, que Jesus é o nosso Redentor, Salvador e o Juiz vindouro. Jesus é o nosso Rei e Bom Pastor. Por isso, abençoo-o em nome do Senhor, para que avance com fé, confiando que Ele cuidará de si, o protegerá e o guiará para que nada lhe falte. Desta forma, viverá como um crente vitorioso e alegre.
Oremos juntos. Deus gracioso e amoroso, sabemos que os depoimentos das testemunhas registados nas Escrituras são consistentes e que as provas dos seus testemunhos são claras. Tal como derramaste o Teu Espírito sobre os antepassados da nossa fé quando procuraram, perguntaram e bateram pela verdade, abrindo-lhes os olhos e dando-lhes entendimento, pedimos-Te que nos concedas a mesma graça, derramando o Teu Espírito sobre nós. Ajude-nos a ter uma fé inabalável e a demonstrar diariamente através das nossas vidas que o Senhor habita em nós. Que aqueles que nos vêem venham ao encontro de Nosso Senhor Jesus Cristo através de nós, e que os seus olhos sejam abertos e os seus corações transformados e renovados. A Vós, Senhor, damos toda a glória, honra e agradecimento. Oramos em nome de Jesus Cristo. Amém.